JOÃO BÁ

O filme é um documentário com duração de aproximadamente sessenta minutos, onde a história da vida e obra do poeta e cantador João Bá é contada pelos personagens que dela fizeram parte.

Este filme pretende trazer reconhecimento à obra musical de um artista que não se desviou do caminho que a vida lhe impôs: observar e contar com sabedoria, riqueza e autenticidade, as coisas da terra e do coração. João Bá não cede aos modismos e não admite rotular sua música, ou seja, a arte pela arte.

É muito importante que a cultura do povo brasileiro seja transmitida às novas gerações, que pouco acesso têm a esse tipo de música e poesia, por falta de divulgação.

A música, como arte, é capaz de atuar sobre o ser humano modificando seu padrão emocional. Vencendo barreiras, penetra nas profundezas do ser, desempenhando equilíbrio psíquico e emocional entre os homens.

Quando questionado sobre a função da arte, Friedrich Nietzsche dizia que esta, tornava a vida vivível e destacava que a música era, para ele, a maior de todas as artes.

A música ocupa um espaço considerável na mídia, porém, longe de ter uma exposição justa. Não existem horários para as chamadas “músicas de raízes”, causando uma marginalização, sobretudo cultural.

Em suas composições, a presença da cultura indígena, da fauna, flora, geografia humana e diversidades desse imenso país são cantadas de maneira única, o jeito do João Bá. O poeta que canta o Brasil nos descortina as terras onde pisou, respirou e contemplou, com a maestria concedida somente aos grandes poetas, capaz de fazer uma sinfonia da natureza que atua sobre o ser humano transmitindo sentimentos e energias indescritíveis. A musicalidade de João Bá é de grande sensibilidade poética, transformando o som do vento balançando as árvores, o som do riacho ou da cachoeira ou o canto dos pássaros em suaves melodias.

Aos 84 anos, ainda faz shows pelo Brasil, divulgando o que ele denomina de “A mais pura música universal brasileira”.

O filme pretende contar a história desse artista brasileiro, além de desmistificar que determinadas práticas culturais são inferiores a outras.

João Batista de Oliveira nasceu na cidade de Crisópolis, sertão da Bahia, em 01 de setembro de 1932.

Quando caiu seu primeiro dente, seu pai lhe disse: pode trabalhar. E foi trabalhando no sertão da Bahia que João aprendeu a observar a natureza e, aos doze anos, começou a escrever poesias e compor suas músicas.

Quando saiu da sua terra natal, percorreu todos os cantos do Brasil, vindo a se fixar na cidade de São Paulo em 1952.

Pouco tempo depois, assume o nome artístico de João Bá. Sua qualidade de compositor e músico atrai dezenas de admiradores que viriam a ser seus parceiros musicais ou intérpretes de suas canções. Dentre esses nomes podemos destacar Hermeto Pachoal, Almir Sater, Diana Pequeno, Dércio Marques, Marlui Miranda, Oswaldinho do Acordeon, Gereba, Vidal França, entre outros.

Participou de festivais na extinta TV Tupi, escreveu e apresentou especiais na TV Cultura (“Cercania de Canudos”, “Casa dos Cantadores”, “Casa de Farinha”), trabalhou no teatro como ator e compositor de trilhas sonoras. No cinema atuou no filme “Fronteira das Almas” de Hermano Penna e compôs a trilha sonora para os filmes ”Entre o Sertão e o Mar” e “Nas Terras do Bem-Virá”.

Seu primeiro disco, Carrancas, aconteceria somente em 1988, contando com a participação de nomes consagrados da música popular brasileira.

João Bá tem mais de duzentas músicas compostas, seis discos gravados, participação em televisão, teatro e cinema, tanto como ator ou compositor de trilha sonora.